quinta-feira, 26 de maio de 2011

PIERCING NO CORAÇÃO



"Mas o minuto que a porra de um teste de gravidez demora para decidir se vai marcar uma segunda linha ou não é a prova de paciência mais difícil do mundo.

Se bem que mais difícil ainda foi ver a segunda linha"



Nunca contei como descobri que estava grávida.

Foi muito rápido e mesmo assim demorado demais.

Quando o resultado apareceu, começou logo pelo que só poderia ser do Positivo (o | do +) e fiquei acabada, porque sabia que nem a Lei da Atração, o Chapolin, ou Ctrl+Alt+Del podiam me salvar desta vez.

Acho que só tremi assim quando soube que uma avó postiça (a Véia Cara de C*) muito querida tinha falecido, foi quando tomei a minha primeira água com açúcar também.

Ainda sem reação peguei o telefone e liguei para uma amiga (que deve mais é ser promovida a madrinha, porque irmã ela já é) para ver se ela pensava por mim, porque eu mesma só pensava em como tirar a grade da janela do meu quarto. Invertendo todo e qualquer papel, dessa vez, quem deu as instruções na hora do aperto foi ela. "Respira que agora não tem o que fazer e liga pra ele" disse ela. Respirei, liguei e passei o mínimo de informação possível, enquanto mentalizava um travesseiro sendo mordido por mim para não cair em prantos pelo telefone mesmo.

Não lembro se dormi, não lembro se sonhei, só sei que minha cara era de quem não tinha pregado o olho e ainda apanhado... não fazia diferença. O dia foi um silêncio só. Tocar no assunto era espontaneamente proibido. Nem foi preciso combinar nada... já estava impossível respirar, quanto mais falar! O que não beirasse a catatonia teria sido esforço sobre-humano naquela quarta-feira.

Foi uma salada (com gosto horrível) de segredo com desabafo. E foi aí que ouvi de um amigo: "Não quero saber se cada um tem seu tempo. Vai se fu***, Carolinha!! Você é foda de linda e vai ficar ainda mais incrível agora. Pode parar na frente de um espelho agora! Olhe sua barriga, passe a mão nela... logo você vai achar isso tudo incrível também."

Quando percebi, estava parando (ainda tímida comigo) a frente de cada reflexo na rua para ver aquela barriga, que só quase ao final da gravidez descobri o quão minúscula era. Falar sobre o assunto não tinha sido superado, mas a sensação mudava a cada minuto. Afinal de contas, de que adiantaria não amar aquilo tudo? Estava ali e qualquer outra opção não era uma opção. Bastava, então, dar todo meu amor, empenho e alma. Mas me conformar era o máximo que eu conseguia naquele momento...




...então tirei meu piercing.



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