quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

MAS JÁ?!

Será que ela vai mesmo parar de chorar quando chegarem com ela perto de mim logo que nascer? Será que ela será bonita ou só fofa? Será que correrá tudo bem? Será que eu não vou mesmo sentir dor? Será mesmo que a internet vai funcionar e meu pai vai ver a Lulu nascer? Será que eu coloquei tudo na mala? Será que está mesmo tudo certo com o convênio? Será que tem mesmo um quarto reservado pra mim? Será que vão colocar azeitona na minha comida? Será que pode levar secador? Será que ela será como a bebê do sonho que tive? Será que amamentar é mesmo como rolou nesse sonho? Será que tudo o que não tenho como prever vai dar certo? Será que coloquei roupa suficiente na mala da Ana Luiza? Será que vai doer depois? Será que a Pulga vai ter ciúme?

Há 1 ano os "serás" invadiam minha cabeça num turbilhão infinito. Já esta semana, a top do ranking foi: "Em pensar que...". Pois é, em pensar que há 1 ano eu estava com tudo pronto e com nada pronto para conhecer a minha barriga. Meses imaginando como seria, se eu ia gostar, se eu saberia como fazer, para não saber NADA na hora H. Em pensar que eu até fazia ideia de quanto minha vida mudaria, mas não tinha noção do quanto EU mudaria. Do quanto a necessidade instintiva de fazer o melhor sempre transformou (e ainda está) quem eu sou. Vejo com clareza o quanto mudei ou aprimorei minhas qualidades. Ainda estou longe da perfeição, mas mudei. É um longo caminho, que está apenas começando. Assim como o tempo, que nos faz esperar e aprender tanto, essa transformação será longa, gradativa e sutil. Por ora, apenas mudanças físicas, somadas a uma pequena amostra de maturidade, com uma pitada de sangue frio e paciência (ainda longe de atingirem um nível respeitável). Também é de se entender. Se para todos esse ano voou, a ponto de se espantarem quando lembram que já faz 1 ano, imaginem para mim? É como cabelo, só os outros (aliás, outras, porque homem não repara...rs) percebem o quanto cresceu e você lá, crente que está no ombro, quando já está quase no meio das costas.

Sem saber o quanto seria necessário, registrei muito de tudo. São fotos, videos, anotações sobre cada careta, cada descoberta, cada ameaça de passo para frente, cada projeto de abraço (abraço mesmo), cada virada de cabeça ao ouvir o próprio nome (ou minha voz - melhor parte) da Lulu. Tudo registrado por essa mãe doida que não larga o celular. Não largo mesmo, mas também tenho tudo gravado e agradeço a mim por isso, pois mal lembro como ela era há 1 ano, mal lembro de como era amamentar (parte que eu passo, repasso e não pago), mal lembro como era segurá-la com menos de 5Kg. Tudo em uma velocidade que eu nunca pude imaginar. Uma infinidade de contas a pagar e receber, daquelas que nos dizem para esperar que o tempo resolva... aqui... no meu colo... rindo de tudo isso... de deboche em cima da nossa incapacidade de entender que eles sabem, entendem e já querem muito mais do que achamos.

Não sei se é visível, mas as mudanças estão aqui dentro e é isso que importa. Perdi a conta de quantos e-mails malcriados eu escrevi e descartei antes de enviar. Mesmo com tantas explosões, essas seriam muito maiores ou numerosas antes. Estar mal acompanhado hoje não é opção, tenho que zelar pelo convívio de uma pessoinha que samba na minha cara uma independência de querer tão grande, que já não sei mais nada. É essa incoerência entre auto-suficiencia de alma e total dependência física que fazem de mim alguém melhor.

 
Ainda no primeiro passo, hoje, meu cabelo está no ombro.

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